( Terra)
Perito e advogado criminalista falam sobre o que deve ser esclarecido nos próximos dias nas mortes de 5 pessoas da mesma família na Brasilândia
Perito e advogado criminalista falam sobre o que deve ser esclarecido nos próximos dias nas mortes de 5 pessoas da mesma família na Brasilândia
Responsáveis por revelar como a chacina da família Bovo
Pesseghini foi cometida e o seu provável autor, os peritos criminais
designados para atuar desde a última segunda-feira em São Paulo - quando
os corpos dos cinco mortos foram encontrados em uma residência na
Brasilândia, zona norte da capital - têm ao menos sete questões
fundamentais para informar à Polícia Civil, encarregada do inquérito.
Após isso, o assassino deve ser confirmado.
O resultado está previsto para sair somente em 30 dias, mas o Terra convidou
o perito Bruno Telles, secretário da Associação Brasileira de
Criminalística, e Ademar Gomes, presidente da Associação dos Advogados
Criminalistas de São Paulo, a adiantar as respostas, baseados em seus
conhecimentos técnicos e experiências criminais.
Confira, a seguir, o que eles pensam sobre as perguntas
ainda sem respostas na chacina que matou o sargento da PM Luis Marcelo
Pesseghini, 40 anos; a mulher dele, a cabo Andreia Regina Bovo
Pesseghini, 35 anos; a mãe dela, Benedita Oliveira Bovo, 65
anos; Bernardete Oliveira da Silva, 55 anos, irmã de Benedita; e o jovem
Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, 13 anos, o principal suspeito da série
de homicídios.
Pergunta | Resposta |
Por que ninguém ouviu o barulho dos tiros?
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Segundo Bruno Telles, “a visão do cinema de que o
tiro faz barulho alto e perceptível não é real. Dependendo da munição
da arma .40, ele pode ser menor do que o de uma batida de palmas. É um
barulho seco”. Já Ademar Gomes afirma que “qualquer tiro tem barulho, a
não ser com uso de silenciador. Os outros acordariam, a menos que
estivessem dopados”.
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Por que não há sangue nas roupas?
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O perito sustenta que “vestígios de sangue só
ficam quando a pessoa está muito próxima da vítima ou quando atinge uma
região com grande quantidade de líquido, como pescoço e peito. No caso
da cabeça, a massa encefálica respinga na parte de trás e não mancha as
roupas do assassino”. O advogado criminalista vai na mesma linha e diz
que “isso depende da distância em que ocorreu o disparo”.
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Como o menino teria tanta precisão nos disparos?
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Telles conta que é atirador e já foi superado
por meninos de 9 anos em competições informais de tiro. “É normal que o
policial ensine o filho, até mesmo porque ele não quer que o menino
aprenda por outros meios. Além disso, há muitos vídeos na internet que
ensinam os jovens a atirar”; Gomes salienta que “é preciso investigar
esse ponto para saber se os pais não o ensinaram. Quem garante que ele
não aprendeu com a família a atirar a certas distâncias?”
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Como o garoto cairia com a arma embaixo do corpo?
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De acordo com o perito criminal, “a pessoa só é
jogada para longe no suicídio quando efetua o disparo em pé. Para
examinar a hipótese, existe uma metodologia angular padrão de onde o
tiro deve ser dado. Ela mostra se parte dos ossos foram queimados e a
pele do crânio rasgada. O conjunto da análise determina tudo”. Por outro
lado, o advogado entende que “o tiro iria jogar o jovem para longe,
porque a arma é pesada. Ele deveria cair a dois metros de distância, no
mínimo”.
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De que forma a perícia saberá quem usou a arma?
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Neste ponto, Bruno Telles é enfático: “o local
tem de ser preservado após o crime, tudo passa por aí. Um exame chamado
microscópio eletrônico de varredura identifica se existe antimônio de
bário no dorso da mão do suspeito. Se confirmar, isso significa que ele
efetuou disparos nos últimos sete dias".
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Como é possível saber se as vítimas foram dopadas?
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Para o perito, a família pode ter sido dopada
facilmente. “É normal policiais tomarem remédios para depressão, ainda
mais os que trabalham na 'boca do lixo' todos os dias. Colocando os
medicamentos em um suco, por exemplo, toda a família dorme”; o advogado
acha que “apenas o Instituto Médico-Legal pode responder a essa
pergunta, após a liberação dos exames toxicológicos”.
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Um exame de DNA da família deve ser solicitado?
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Não há necessidade, conforme Telles. “Os exames
toxicológicos costumam responder tudo, por isso que os peritos não se
apressam em dar opiniões no calor dos crimes. Estamos acostumados a ver
as teorias sendo alteradas depois de certo tempo”.
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